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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Operação Boca do Caixa: Nem a UEG escapa




Acusado aponta dois políticos envolvidos

Envolvido com fraude, que foi preso e liberado na terça-feira, disse que repassou R$ 100 mil a um político e outros R$ 200 mil à cúpula da UEG
Sebastião Nogueira









Promotor Denis Bimbati: denúncia deve sair em janeiro

Duas pessoas ligadas ao meio político estão envolvidas no esquema que desviou pelo menos R$ 500 mil da Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio de fraude no repasse de valores de um convênio firmado entre o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe) e a universidade, para a licenciatura parcelada de professores da rede particular. A revelação foi feita pelo envolvido que foi preso na terça-feira, quando o Ministério Público (MP) estadual deflagrou a Operação Boca do Caixa. Foram cumpridos também três mandados de busca e apreensão.

Coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, o promotor de justiça Denis Bimbati afirmou ao POPULAR que o depoimento do envolvido foi muito esclarecedor – o processo corre em segredo de Justiça e os nomes não foram revelados. Esse envolvido, liberado após ser ouvido pelos promotores da operação, apontou os nomes de um político e uma pessoa ligada à atividade política, que receberam parte dos recursos desviados da UEG.

Segundo Bimbati, o acusado, que é ligado à UEG, disse que em uma operação entregou pessoalmente R$ 100 mil ao político. Em outra, repassou R$ 200 mil ao alto escalão da UEG na época, em 2006. Mesmo com o recesso do MP e do Judiciário, que começa hoje, Bimbati diz que vai trabalhar nesse caso. Ele espera oferecer denúncia contra os acusados no início de janeiro. “Vamos ampliar a investigação, com esses novos nomes que surgiram no depoimento”, explicou o promotor ao POPULAR.

A reportagem procurou o ex-reitor José Izecias de Oliveira, que deixou a reitoria da UEG em março de 2006 para disputar mandato de deputado federal. Ele não atendeu ao telefone nem retornou aos pedidos de contato. À TV Anhanguera, o ex-reitor disse que os desvios aconteceram depois que ele havia deixado a direção da instituição. Quando Izecias se licenciou para disputar o mandato, quem assumiu foi seu vice, Luiz Antônio Arantes, que também não foi localizado ontem para falar sobre o assunto.
AMADORISMO
Para Denis Bimbati, o que mais chamou a atenção foi o amadorismo. “Como um contrato desse porte não tem fiscalização? Alguns aditivos sequer têm o número da conta bancária da UEG”, relata. O recurso foi desviado de um montante de aproximadamente R$ 14 milhões repassado pelo Sinepe à UEG. Os professores pagavam ao sindicato, que repassava o dinheiro à universidade para ministrar os cursos. “É muito triste pensar que os professores faziam aulas aos sábados e finais de semana e que o dinheiro pago por eles foi desviado”, diz Bimbati.

Carla Borges 20 de dezembro de 2012 (quinta-feira) O Popular



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