Recebi por e-mail essa carta de um Professor, tenho minhas posições sobre tudo que esse Governo tem idealizado e praticado, publíco na integra e preservo a identidade.
Eu cidadão brasileiro, professor, ainda cheio de sonhos e convicções, fui surpreendido nesta quinta-feira após visitar a assembléia legislativa de Goiás, quando na oportunidade ocorreria a votação do projeto do governo no tocante ao piso salarial dos professores.
As cenas que presenciei foram dignas de repúdio e indignação ou de vômito. De início adentrei uma sala de reuniões, onde nobres parlamentares discutiam o referido projeto. Na verdade a sorte já estava lançada, todo o circo armado caminhava com seu espetáculo e um prenúncio de derrota pairava sobre os professores.
O espetáculo começou com os deputados Túlio Isaac e Isaura Lemos que protagonizaram um bate-boca que acabou por desviar o foco das discussões e a sessão foi então suspensa. Era ali o espaço da democracia, lugar de decisão de nossas vidas. Não consegui ver qualquer vestígio de democracia.
Aquele lugar mais parecia a Roma antiga e seu senado permeado de cinismo e indiferença em relação ao povo. Triste conclusão: não tínhamos nem voz mesmo que ainda pudéssemos gritar.
Nosso grito ecoava no vazio e as previsões eram as piores possíveis. Alguns membros do sindicato tentavam em vão alguma medida que pudesse diminuir o impacto das resoluções daquele nefasto projeto. Passamos horas esperando por uma definição, e todos diziam que os nobres deputados incomodados com nossa presença retardavam a votação.
No dia anterior eles aprovaram o projeto sem ressalvas, na surdina. Eram estes os nossos representantes. O fantástico mundo de Marconi, o mundo que aparecia na televisão se descortinava como um mundo aparente, falso, mentiroso. E para nossa desgraça, os principais veículos midiáticos serviam como aparelho reprodutor do estado.
Agora entendia o que significava dizer que Goiás é nada mais que uma província ou ainda uma grande fazenda. Pois no dia seguinte tudo já estaria esquecido na mídia, haja vista que esta apenas noticiaria a baixaria que acontecera. No fim de tudo, o projeto foi aprovado e nós voltamos pra casa com o gosto amargo da derrota e com votos de um infeliz natal.
Foi este o presente que ganhamos um presente de grego. Marconi deu com uma mão e tirou com a outra. Nunca me enganei com este sujeito maquiavélico que se veste de socialista democrático, mas no fundo se trata de um fascista.
No plenário de votação havia duas classes: professores e policiais. Os últimos sairiam contentes com as decisões que os beneficiavam. Afinal, para este governo provinciano, a segurança é mais importante que a educação. Este projeto nocivo para todos os educadores, significa mais perdas do que ganhos.
Penso não em mim que estou em início de carreira e que tenho certeza que não nasci pra morrer nesse mar, mas em tantos professores que deram a vida inteira pela educação que hoje recebem como prêmio a desvalorização, a humilhação e a indignidade.
Minha memória histórica nunca esquecerá este dia triste da caminhada de um educador. Hoje não temos festa pois um rato nos roubou o queijo, estamos tristes e desanimados e o presépio neste natal está vazio.