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segunda-feira, 4 de junho de 2012

ATAQUE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO



O que as redes sociais mostraram e a imprensa livre de um modo geral noticiou é muito grave, é mais um episódio triste que marca a nossa história,  a inauguração da tão esperada  e desejada sede da UEG - Itumbiara, deixa a triste marca que todos conhecemos, a ditadura militar foi revivida naquela noite de 1º de junho, deixando  a marca da violência e  da covardia orquestrada por aqueles que são intolerantes ao pensamento que diverge da politica do pão e do circo. Os que assistiram a tudo ficaram horrorizados com tamanha violência, imaginem se o povo não estivesse alí, o que teria acontecido a esses  jovens estudantes?   segue a  nota do professor Ângelo Cavalcante.





                                                        NOTA DE REPÚDIO

Eu, Ângelo Cavalcante, economista e professor, venho por meio desta e em meu exclusivo nome, tornar público o meu mais completo e vigoroso repúdio ao ato vil, covarde, fascista e absolutamente antidemocrático levado a cabo por milícias ligadas ao governo do Estado, e à prefeitura da cidade de Itumbiara em decorrência da malfadada inauguração do novo campus da Universidade Estadual de Goiás (UEG), campus Itumbiara. 

Todos sabem que a Constituição Federal de 1988 oxigenou a vida política brasileira garantindo e assegurando o livre e pacífico direito à manifestação política. Existir politicamente é se manifestar, se declarar, se posicionar. São atividades que expressam em toda a sua plenitude o direito vivo e concreto da ação política no chamado Estado de Direito.



Durante muitos anos, o povo brasileiro, foi proibido de se manifestar, teve suas mais elementares liberdades civis e políticas cerceadas e censuradas. Neste tempo de terror, posicionar-se de forma contrária, não raro, culminaria em tortura, desaparecimento ou morte. 



Muitos brasileiros e brasileiras, sacrificaram suas vidas no frio aço da ditadura para que hoje tenhamos este basilar direito. Este direito, se não o sabem, cheira a carne humana queimada, é umedecido pelo sangue do esfolamento, do pau-de-arara e da sevícia. Possui sonoridade em sua realidade subjetiva, gritos guturais de uma dor indescritível. Temperado com o ar daqueles que foram afogados nas tinas putrefatas de calabouços frios e escuros. Este direito nasceu da agonia dos encarcerados, da solidão daqueles que foram jogados em buracos fétidos e que, não por acaso, chamavam de “solitárias”.

Trata-se simplesmente da mais alta e importante conquista política do Brasil. De outra maneira, para que não suma, para que, de novo, não suma, carece de ser vivenciada no dia-a-dia das escolas, universidades, praças, ruas, partidos, câmaras, congresso e enfim, em todos os níveis, estratos e logradouros da vida cotidiana nacional. A sua intensificação na vida diária do povo brasileiro é o melhor remédio para evitar o surgimento de novas tiranias.

As agressões sofridas por estudantes e Itumbiara, em sua maioria, garotos recém entrados na fase jovem de suas luminares vidas, devem ser repudiadas por todos nós. Não são e jamais foram, bandidos, baderneiros ou arruaceiros. São dignos e corajosos agentes políticos vindos do, conforme se atesta, ainda viável movimento estudantil e que, tão somente, exerceram um clássico e basilar direito constitucional. 



Constituição que, aliás, fora rasgada de forma irada e desrespeitosa por um dos milicianos da prefeitura local. 
Estes jovens não são fichas sujas, não estão envolvidos com contraventores, com máfias de caça-níqueis, tampouco vivem na bonança ilícita. Não estão sendo convocados a depor em CPI’s ou em gabinetes da polícia federal e muito menos se acham na iminência de, constrangidos e emudecidos, sentarem-se ante a rígida toga de um resoluto juiz ou ante a uma bancada de desconhecidos e que, comumente, chamamos de júri. Nada disso! 

Estes meninos e meninas são o suprassumo do que temos de melhor na atual militância política brasileira. 
Não mandam recados. Não se utilizam de capangas, jagunços ou algo que o valha... Suas ações, embora pacíficas, são diretas, abertas e às claras. Não se utilizam, do já muito fracassado expediente da representação política, suas atividades são feitas e executadas por eles mesmos. 

E como as fazem? Com canções, poesias, danças, bandeiras e palavras de ordem. Suas armas principais são suas inteligências repletas de lirismos e suas criatividades que encantam, educam e inspiram a todos nós. 
Neste sentido, não dá outra, o pensamento político conservador deste país, deste estado e desta cidade, histórica e estruturalmente corrupto e opressor e que, desde sempre, nutriu um ódio vivo e militante pelo povo se apercebeu que a AÇÃO DIRETA, gera consciência pública e social, diferenciada. Objetivamente superior, autogestionária, libertária e a serviço dos trabalhadores. Neste sentido, o patriarcado político não hesita um único instante em agredi-los, maltrata-los e calunia-los.



Na verdade, que não se duvide, estes garotos e jovens são, de novo, o que temos de melhor em matéria de cidadania ativa, de movimento político sério, corajoso e empreendedor. São herdeiros dos mais firmes e puros ideais de liberdade nacional. No político, descendem diretamente de figuras paradigmáticas como Tiradentes, Garibaldi, Zumbi, Machado de Assis, Anysio Teixeira, Darci Ribeiro, Paulo Freire, Milton Santos, Chico Mendes, Che, Luís Carlos Prestes, Maria Lacerda de Moura, Maria da Conceição Tavares, Lamarca e tantos e tantos outros e outras. 

Inegavelmente e sem sombra de dúvidas, representam o pouco que restou de estoque moral e político efetivamente sério e verdadeiro em um país devastado pela corrupção, pela covardia e pela omissão. 
São orgulhos. Itumbiara e mesmo, todo o Estado de Goiás deve muito a estes garotos que oferecem ao bom senso político de toda a sociedade brasileira uma luz no fim do túnel. Mostram que, apesar de tudo, existe sim, dignidade na política, bem como possibilidades de construção de outra ética para a política e para a vida social.

Bendito vossos pais e mães. Um louvor, um brado e uma homenagem às mãos cansadas da infinita labuta diária de vossos papais. Bendito o ventre de suas mamães que nos trouxeram tão vivas e puras pérolas e que nos encandeia a escura estrada. 


Bendito vossos lares, vossas famílias e vossos universos particulares. É o vosso tudo! Zelem, cuidem e os preservem sempre. Que vocês sigam vida afora, neste brilho, luz e dignidade. Enchendo nossos corações de esperança, alimentando-nos de uma necessária utopia e abrindo-nos horizontes, nós que andamos tão cansados do cortante amargo das contemporaneidades políticas.
Viva a juventude do Brasil! 

Prof. Ângelo Cavalcante é Economista, Cientista político e professor da UEG - Universidade Estadual de Goiás.

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