Acusado aponta dois políticos envolvidos
Envolvido com fraude, que foi preso e liberado na terça-feira, disse que
repassou R$ 100 mil a um político e outros R$ 200 mil à cúpula da UEG
Sebastião Nogueira
Promotor Denis Bimbati: denúncia deve sair em janeiro
Duas pessoas ligadas ao meio político estão envolvidas no esquema que
desviou pelo menos R$ 500 mil da Universidade Estadual de Goiás (UEG), por meio
de fraude no repasse de valores de um convênio firmado entre o Sindicato dos
Estabelecimentos Particulares de Ensino (Sinepe) e a universidade, para a
licenciatura parcelada de professores da rede particular. A revelação foi feita
pelo envolvido que foi preso na terça-feira, quando o Ministério Público (MP)
estadual deflagrou a Operação Boca do Caixa. Foram cumpridos também três
mandados de busca e apreensão.
Coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) do MP, o promotor de justiça Denis Bimbati afirmou ao POPULAR que o
depoimento do envolvido foi muito esclarecedor – o processo corre em segredo de
Justiça e os nomes não foram revelados. Esse envolvido, liberado após ser
ouvido pelos promotores da operação, apontou os nomes de um político e uma
pessoa ligada à atividade política, que receberam parte dos recursos desviados
da UEG.
Segundo Bimbati, o acusado, que é ligado à UEG, disse que em uma
operação entregou pessoalmente R$ 100 mil ao político. Em outra, repassou R$
200 mil ao alto escalão da UEG na época, em 2006. Mesmo com o recesso do MP e
do Judiciário, que começa hoje, Bimbati diz que vai trabalhar nesse caso. Ele
espera oferecer denúncia contra os acusados no início de janeiro. “Vamos
ampliar a investigação, com esses novos nomes que surgiram no depoimento”,
explicou o promotor ao POPULAR.
A reportagem procurou o ex-reitor José Izecias de Oliveira, que deixou a
reitoria da UEG em março de 2006 para disputar mandato de deputado federal. Ele
não atendeu ao telefone nem retornou aos pedidos de contato. À TV Anhanguera, o ex-reitor disse que os desvios
aconteceram depois que ele havia deixado a direção da instituição. Quando
Izecias se licenciou para disputar o mandato, quem assumiu foi seu vice, Luiz
Antônio Arantes, que também não foi localizado ontem para falar sobre o
assunto.
AMADORISMO
Para Denis Bimbati, o que mais chamou a atenção foi o amadorismo. “Como
um contrato desse porte não tem fiscalização? Alguns aditivos sequer têm o
número da conta bancária da UEG”, relata. O recurso foi desviado de um montante
de aproximadamente R$ 14 milhões repassado pelo Sinepe à UEG. Os professores
pagavam ao sindicato, que repassava o dinheiro à universidade para ministrar os
cursos. “É muito triste pensar que os professores faziam aulas aos sábados e
finais de semana e que o dinheiro pago por eles foi desviado”, diz Bimbati.
Carla Borges 20 de dezembro de 2012 (quinta-feira) O Popular